terça-feira, 10 de novembro de 2009

A DISTRIBUIÇÃO DE RENDA NO BRASIL

Como todos sabemos, a distribuição de renda em nosso país é extremamente concentrada. A última Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) do IBGE ajudou a clarear as informações a respeito do grau de concentração de renda no Brasil. O IPEA publicou um trabalho baseado nas informações da PNAD de 2008 e de outras fontes de informações, no qual são analisados diversos tipos de dados sobre esse assunto tão caro à nossa sociedade.

O coeficiente de Gini (este coeficiente mede o grau de concentração de renda de um determinado país, estado, etc., quanto mais próximo de 1 mais a renda é concentrada e quanto mais próximo de zero, menos a economia tem a renda concentrada) no Brasil em 2001 era de 0,593 e em 2007 era de 0,552, o que corresponde a uma diminuição na concentração de renda em 7% no período e de 1,2% por ano. Apenas 25% de um total de 74 países dos quais se tem informações foram capazes de diminuir a concentração de renda a uma velocidade maior do que a brasileira nos últimos anos. Atualmente, a quantidade de riqueza apropriada pelos 50% mais pobres é praticamente igual as que pertence ao grupo dos 1,0% dos mais ricos do país. Os 40% mais pobres apropriam 15% da renda no Brasil enquanto que os 10% mais ricos apropriam 40% da renda total.

Numa comparação com 171 países entre 2001 e 2007, a taxa anual de crescimento da renda per capita dos 10% mais pobres do Brasil é superior ao aumento da renda per capita anual em 99% desses países. Para essa faixa de renda, o crescimento é comparável ao aumento da renda per capita da China que nos últimos anos vem tendo crescimento da economia em torno de 10% ao ano, enquanto que a economia brasileira patina em 3 ou 5%. Por outro lado, em torno de 80% desses países apresentam uma taxa de crescimento em sua renda per capita superior da observada para os brasileiros pertencentes ao grupos dos 10% mais ricos, que foi de 1% ao ano.

Entretanto, apesar dessa melhora verificada nos últimos anos, o Brasil ainda é um país extremamente concentrador de renda. Numa comparação com 126 países, o Brasil foi superior a apenas 5 em termos de concentração de renda. Ou seja, 90% dos países têm uma distribuição de renda melhor do que o Brasil. Enquanto que desses países, 62% têm renda per capita inferior à brasileira.

No período de 2001 a 2007, o crescimento da renda dos brasileiros com renda compreendida dentro da faixa dos 20% mais pobres foi 4% superior ao crescimento da renda brasileira. Mas, mesmo que essa taxa de crescimento se mantenha, seriam necessários 18 anos para que o Brasil alcançasse a posição da média dos países em termos participação na renda nacional dos indivíduos pertencentes a essa faixa de renda (os 20% mais pobres).

Segundo o estudo do IPEA, em 2007, existiam no Brasil 49,7 milhões de pessoas vivendo em famílias com renda compreendida entre 0,00 e R$ 545,66; 66,5 milhões de pessoas em famílias com rendimento compreendido entre R$ 545,67 e R$ 1.350,87; e 64, 9 milhões de pessoas vivendo em famílias com renda acima de R$ 1.350,87. No período de 2001 a 2007, 13,8 milhões de pessoas tiveram melhora referente a um aumento em sua faixa de renda. Sendo que 10,2 milhões passaram do primeiro para o segundo grupo e 3,6 milhões passaram do segundo para o terceiro. Um dado interessante é que das pessoas que passaram do primeiro grupo para o segundo, cerca de 60% têm no máximo a quarta série do ensino fundamental.

Apesar de muito criticado por muitas pessoas, a participação do governo nos programas sociais são muito importantes para a melhora na distribuição de renda, mas o fundamental é o crescimento econômico com baixo crescimento no nível dos preços e com geração de emprego e forte investimento em qualificação técnica. Esperamos que essa melhora na distribuição tenha continuidade, mas que não seja acompanhada da estagnação das pessoas pertencentes à classe média, como ocorreu no Brasil nos últimos sete anos. Os pobres merecem ter um aumento em seu rendimento superior aos mais afortunados, mas estes últimos também merecem ter melhora em seus rendimentos e em seu bem-estar.

2 comentários:

  1. O IDH, serve como base para atrair investimentos para o país. Quanto mais elevado o índice, maior são as chances de investidores nas áreas de educação superior, cultura, artes, editoras... Se instalarem.

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  2. "Um dado interessante é que das pessoas que passaram do primeiro grupo para o segundo, cerca de 60% têm no máximo a quarta série do ensino fundamental": Isso não é um dado "interessante", e sim dramatico! Uma corja de ornagotangos sem politização, desejosos de prazer, e consumo analfabeto. Vc acha que esse grupo, cheio de pentes de materia e espelhinhos, será capaz de uma indústria como a Alemã? É sustentável este orgasmo de consumo? Não, sem educação, não temos futuro. E nisto o Lual só fez pela universidade.

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